quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A breviedade da tarde.

O ar estava seco e imóvel na ensolarada tarde de agosto, o sol estava a cima de nós, eu não tinha sombra mas o grande pé de manga tinha uma lagoa a sua volta. Caminhamos pelo som de pedras e areia, sempre pisando e nunca arrastando. Uma bolha de sabão voou por entre nós dois, outra e mais algumas a seguiram. Me virei e notei que minha mão deslisava comprimindo sua camisa de algodão branca, escalava logo acima de sua cintura sem nunca tentar guiar ou com qualquer outro intuito que não seja o simples tocar. A mão queria ser tocada, pensei equivocadamente, sobre algo que não tem pensamento. Uma criança atrás de nós continuava a fabricar bolhas incessantemente e por masi que elas estourassem o ar não era mais o mesmo, estava limpo agora. As folhas acima de nós começaram a a se mover rapidamente com o se uma mão as tocasse, bolhas passavam mais rápido e a camisa da criança, azul turquesa começava a se assemelhar a uma bandeira. Sorrimos com a mudança chegando e olhamos para cima pela primeira vez, chovia folhas. Um oceano de nuvens de aproximava, sempre me impressionou imaginar que um rio passa sobre nossa tarde e segue para aonde o vento o empurre. Toquei no tronco da árvore, a criança o abraçou, ela nos olhou. O filho não era nosso, apenas estava lá, assim como nós e a árvore.

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