segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Laura


Na hora da pergunta ela estava tremendo. Mesmo sendo sua ofensiva, tremia. Nunca havia questionado o amor e ainda assim teve à audácia. Era sábado a tarde quando teve a surpresa do encontro funesto. Seu pai havia morrido e com ele o último galho da ávore se transformava em pó, agora era só, era o caule que andava. Sem folhas ainda e essa era a pergunta. Ele iria cuidar de seu jardim?

A resposta como todas já era sabida. A questão era só uma confirmação para rima da melodia em seu corpo. Sua mente não tinha mais cama para idéias, estava lotada e uma rebelião era iminente. Nunca gostou de dar um basta mas ao aquele porto da vida parecia o ideal lugar para se zarpar em uma aventura longinqua, aventura das que não se olha mais para trás por anos e anos.

Silêncio. David, homem forte de traços retos e olhar suave, não disse uma só palavra. Lágrimas fugiam enquanto suas mãos as pegavam de volta. Jurou para si mesma que esse era o último olhar que faria em direção àqueles olhos. Mentiu mais uma vez, sempre o fizera e sempre o faria.

David em silêncio se levantou. Andou para mais perto e cumprindo a mentira ela o lhou mais uma vez, agora não se importando com lágrimas ou o tempo, todos haviam morrido naquele sábado.

Respirou profundamente pois sabia que agora ele teria que falar alguma coisa mesmo qu eo que queria era profundo demais para palavras e bonito demais para imagens. David a abraçou com firmeza, ela derreteu sustentada pelos seus braços.

Lágrimas esquentaram suas bochechas, seus olhos se tornaram lagoas e seus anseios simples toques de ventos na pele. Sua mente não pensava só olhava enquanto sua resposta era vivida.
Paiting by Chuck Close

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Estou sem Nomes hj

Como a pessoa se sente feliz com alguém te esperando para acordar?
Como sua vida é completa com alguém te esperando acordar?
Como se pode ter liberdade se alguém te espera acordar?

Sem ninguém não se é ninguém nunca.
Assim é o que diz o ditado da filosofia,
ficou chato agora,
o texto eu quero dizer.
E se estou prestando atenção a cada detalhe do que ocorre agora neste exato momento, deve ter alguma importância o que esta ocorrendo neste exato momento.

Mas o gelo,
continua,
a derreter
sempre.

A música continua,
e se o som é o mesmo,
assim é também nosso caminhar,
Por que corro?
Se o lugar é
o mesmo que
cheguei.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Foto fora Foto dentro

Um cabelo amarelo esbranquiçado pontiagudo, avança triangularmente para baixo e para frente ale´m da ponta do nariz. Cabeça que possui traços fortes paira sobre o brilho negro pulsante da roupa plástica. Em pé no meio do quarto cinza, acompanha tudo com um semi-degradê preto reto, o piso é de madeira rustica, gasta por intermináveis festas, paredes de cimento, espaço comercial e residencial, com partes militares espaciais, uma mesa plástica na diagonal direita da imagem, plástico cor I-mac.

É essa a foto almejada agora em pleno século 21? Imposição do mercado e não um estatuto da criação, um statement. É apenas o que a condição social permite que aquele indivíduo compre e tenha em casa, o minimalismo surgiu por falta de recursos e não por escolha absoluta. Não há escolha absoluta que não seja uma imposição. Sendo uma imposição, o imposto é necessariamente falso pois, não teve como pré-suposto a lógica da vida e sim a lógica do pensamento. Pensamentos são interessantes pois tem a capacidade de não escutar o mundo, assim como nós temos a capacidade de conversar sem escutar. Talvez seja culpa do olhar. Sentidos que ameaçam a vida? O Amor ameaça o ser. E se toda a existência tem como som, a resposta ao ambiente que nos cerca, por que o absurdo? A invenção da estética absurda soa absurda em um lugar onde a descoberta da vida é almejada e praticamente nunca alcançada. Palhaços? Seres imaginários? Humanos se portanto de maneira reta, com impulsos pré-pensados são reais? Se vejo essa idéia realizada posso afirmar que são, mas não vendo isto no mundo, a conclusão que se pode chegar, não é a única claro, é que é mais uma montagem de idéias. Um grande geométrico humano, equacionado, multiplicado, formatado, que agora anda para onde o diretor quer. Esse é o ator moderno, o homem que anda na rua, que é desejo de ser de alguns e que é morada de outros. O ambulante que interpreta. Um ser que não existe, mas que cola idéias, monta a si mesmo. Raciocinando como um boneco de videogame, nunca quebra o padrão e sempre a estatística matemática é a certeza. É pobre. Não há espaço. Não há vazio. Sem o vazio interno, não somos. Solvente, raspar, martelar, quebre-se. É triste sempre receber o mesmo das pessoas. O inferno é a estática humana, inércia na vida, mesmas respostas, padrão continúo até o meu eu dar game over. Esse é o meu inferno, qual é o seu?