sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Clube Solitário

Em pé dava para ver o chão de mármore puído, amarelo e bege com suas ranhuras brancas seus vários retangulos, parecem uma parede, uma casa que um dia foi rica, pensou Ricardo. Usava um tênis All Star Branco, uma camisa roxa com 8 listras pretas, todas gastas e na horizontal e uma calça jeans. Por que 8?
Estava em pé, e olhava para uma piscina vazia. Verde, com água verde.
Maria Helena sorria ao seu lado.
Esta rindo do que? Perguntou Ricardo, Não sei. ela respondeu. Ricardo abriu os braços e os elevou a altura dos ombros. É do meu tamanho? ele pensou, não acreditou e continou a elevar os braços.
Vai me dizer que você realmente vai mergulhar? Maria Helena perguntou. Ele olhou como ela sorria com seus cabelos e sua boca, olhos que brilhavam olhando para ele.
As mãos de Ricardo encontraram-se acima de sua cabeça, palma com palma. Depois os pés foram colados um no outro, dedão com dedão, flexionou os joelhos até onde pode. Parece uma postura de yoga, pensou Maria Helena, o que ele tá fazendo?
Ricardo Alemeida olhou para cima, lá estava toda água. Maria helena olhava a piscina vazia. E se for toda a água do Oceano? Ricardo filosofou pela escolástica do Lsd, mas não deve ser. Vou mergulhar sem pular, ele falou. Maria Helena não sorriu, o céu ficou cinza, ela não sabia aonde estavam. Não havia nada de familiar. Cercados por muros manchados, preto resto de chuva, provavelmente choveu aqui, ela pensou. Ricardo apontou a água, lá no alto, no fundo. Maria Helena sentiu medo. A água começou a descer. Ricardo estava, todo ereto, esperava com as palmas das mãos unidas. Queria alcançar a finesse da agulha que penetra uma pele.
Um cão late,
escuridão total,
muitos latidos ao lado de sua cabeça,
Porra. pensou, Ricardo.
A borda é da sua cama,
está invertido
BAM! BAM! BAM!
alguém bate na porta.

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