quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Amanhã de manhã

Não quero saber do que me falam, quero saber da onde me falam. Como chegaram até ali. É só isso. Não é fácil ter que construir a vida interia do indivíduo até o momento que o levou a construir aquele tipo de frase, "- Otimista você, não quero sundae de ovomaltine." Naquele determinado dia se torna uma tarefa muito cansativa, e só existe aquele momento para a construção, depois não adianta. É influenciado pela memória. E como chegar ao ponto em que o determinado pensador chegou àquele "a craseado". Engraçado, aquela proposição sobre a virada do tempo na consciência humana. Ela é só uma montagem nossa, não existe duração. Só temos o instante, o resto são só conceitos somados a fenômenos coincididos pelo nosso rolar ladeira abaixo da vida. E por que não ladeira acima? Porque enterrar é no chão que se faz e morte ficou sendo para baixo. Quem morre não está mais em pé. Devo escutar não o que me dizem sobre o falar mas sim o que se pensava aquele que falava, é isso que preciso me lembrar e estava esquecendo. Por que falo como um doutrinador? Só assim me respondo. Quantas coisas não quis mais fazer e fiz só por não me escutar? Quantos gritos diferentes existem em minha cabeça? São milhares de eus e todos com o mesmo nome errado, todos com as mesmas dúvidas esquecidas e repetidas, como agora, estou me repetindo. Por isso paro. Olho ao lado. Alguém me espera, sem perguntar nada. Começo a construir.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Linhas

Sentado no restaurante
o homem
viu
o olhar da mulher,
eram
os sapatos
quem
ela
olhava.

________

Ontem sorri com o lado esquerdo pela primeira vez na minha vida. Foi estranho usar uma parte de meu corpo que nunca havia tido controle sobre. Uma sensação nova, um novo elemento que usarei algum dia na minha vida em forma de conhecimento. Vou pegar ele relacionar com alguma idéia adicionar uma lei física molhada por dimensões estéticas e vou chamar de criação, o que foi uma mera montagem. Pois terei esquecido de onde vim.

________


Na coxa direita havia uma pinta

Era negra como os olhos

e falava.

Um dia me contou
um segredo

Nunca mais esqueci,
era
sobre
uma tarde.

Eu não estava
mas
aguardava.

A pinta revelou
o que eu suspeitava

embaixo
do branco teto
um lençol dançava
um travesseiro
sufocava
e ondas perfeitas
eram formadas
para nunca
mais quebrarem.

Nosso oceano
não
tem
azul.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Livros e Guerras

Ao pisar na praia o sujeito me deu seu livrinho, era pequeno e azul, bem cafona e leve. Joguei-o dentro da mochila sentindo um aumento do vento em meu rosto, amanhã vai chover, sentei na areia. Peguei o livro e olhei para ele, não com afinidade mas com desconfiança, curioso em perceber o por quê de tamanha força. Abri, uma página qualquer e percebi que uma história estava sendo contada, uma história que provocou guerras, alegrias, mortes que não são perdoadas com juras de culpa eterna. Li, era uma história como outra qualquer, tirada de uma mente qualquer, alguém sentou um dia e escreveu, saltou da cama e escreveu, falou com sua mulher e escreveu, nada além. Como uma pessoa pode interpretar palavras escritas por outro como direção certa? A cada movimento um pensamento, equacionado de tamanha agressão a tranquilidade, nasce sem saber aonde ir. Somos responsáveis por ele. Ele é como um filho que pergunta. O que revelarei a meu filho pode mudar sua vida inteira. Um som curto, grave ou agudo, tem o poder de destruição nuclear capaz de criar um vórtice infinito. Um qualquer escreve histórias, o mundo está repleto de escritores, contadores de história, para onde foi o silêncio?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Novo Assalto

Um novo tipo de assalto está em moda no Rio de Janeiro. O assalto que virou sucesso nas principais atrações turísticas da cidade é um exemplo da criatividade humana em condições extremas. Para realizar um assalto basta obter uma única granada, facilmente encontrada a venda nos principais morros da cidade. Existe inclusive uma promoção aos interessados, pois na última vez que me ofereceram era possível se obter um desconto ao comprar uma caixa inteira. O assaltante se aproxima da vítima e ao gritar o jargão "perdeu, assalto, passa tudo" ele arremessa uma granada em direção ao turista ou ao carioca otário da vez, a vítima têm que ser rápida e passar tudo o que possui antes que a granada exploda, o ladrão que já possui a técnica joga a granada perto para que seja fácil colocar o pino de volta ao seu lugar evitando assim uma explosão desconfortável ao próprio. Até agora somente duas pessoas morreram e tiveram a sorte de ser incluídas como vítimas de balas perdidas, também do lado de lá da batalha, sim toda batalha por definição tem de ter outro lado, houve também quem perdeu seu dedo na jogada. Há, porém mais raro, um tipo de estupro que está ocorrendo da mesma maneira, para isto é necessário que o criminoso tenha ejaculação precoce, ou que a vítima seja realmente ruim de transa. Mesmo assim, ao que tudo indica ambos são novas modalidades que devem ser incluídas na questão ainda existe arte?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

XII The Humam Abstract - BLAKE

Pity would be no more,
If we did not make somebody poor;
And Mercy no more could be,
If all were as happy as we;

And mutual fear brings peace,
Till the selfish loves increase.
Then Cruelty knits a snare
And spreads his baits with care.

He sits down with holy fears
And waters the ground with tears;
Then Humility takes its root
Underneath his foot.

Soon spreads the dismal shade
Of Mystery over his head;
And the caterpillar and fly
Feed on the Mystery;

And it bears the fruit of Deceit,
Ruddy and sweet to eat,
And raven his nest has made
In its thickest shade.

The gods of the earth and sea
Sought through nature to find this tree.
But their search was all in vain -
There grows one in the humam brain.

Blake

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Bolsa de Valores

Não posso esconder minha satisfação de ver a bolsa de valores cair, mesmo que me afete. É ótimo ver que o mundo ainda desarma qualquer tentativa de imposição brusca de um sitema baseado em idéias não concretas. Não há sustentação para qualquer tipo de crédito a longo prazo na vida. Seja uma mentira religiosa, pessoal ou de crédito bancário utilizado para alavancagem financeira, um dia a casa cai. estamos todos afetados, mas não deixa de ser cômico ver pessoas que passam a vida com todas as certezas do mundo a seu lado subtamente se verem no meio do oceano das incertezas. Simplesmente tenho um prazer sádico em ver este tipo de coisa. é muito bom observar a cara de uns ao verem explicações científicas abaterem explicações religiosas, ótimo para a saúde ver crencças populares caírem ralo abaixo e nada melhor do que ter uma certeza pessoal virar cinza ao ser queimada por uma traição, seja esta de qualquer nível que seja. Um passo em direção a evolução pessoal é dado, mesmo que não se creia em evolução pessoal, pode ser em direção ao destino também ou o seu astro resolveu fazer sexo com outro depois que o sol que nasce somente para seu bem estar pessoal passou a emitir raios ultravioletas mais próximos da lua, não me interessa. É bom ser confrontado. O confronto pessoal no nível que for é interessante para vida. Imagine uma vida sem confrontos, um mundo sem guerras, um planeta onde a vida respeita a vida. Não é o planeta Terra. Você embarcou em uma viagem lisérgica. A vida precisa queimar para obter energia. Queimar idéias, neurônios, pessoas, seres, plantas, rochas, ar.... O planeta é implacável assim como nós. A bolsa caiu, fortunas foram dizimadas enquanto novas foram equacionadas, estão evoluindo também. Daqui a três anos, ou mais, novas formas de vida surgirão, enquanto antigas contarão histórias da época de ouro sem saber que estão a beira da extinção. Reconhece alguém?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sexta de Manhã

Quanto mais escrevo
mais
me isolo,

não do mundo,

mas do
que
eu
era.

Não me lembro
como
gostei
de onde
estou.

Ainda passo

para apontar,
e me deparo
no espelho
com olhos
que não
são
meus.

O mijo
da esquina
um dia foi
meu
assim
como
o arremessar
do chocalho.

Mães
são mães
e amantes,

depende
da posição
no tempo.