segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Roma

Estou em Roma.
Aqui tudo é velho, ou antigo ou não me ligo. Os italianos são legais, as italianas mais legais, mas não falam devagar o que é um problema. Querem saber se eu gosto de futebol, odeio. Querem saber se eu vi o papa, com letra minúscula para quem não acredita em deus, também com letra minúscula, caso exista e por fazer um trabalho tão mal feito; não vi o papa, ele acorda muito cedo. Domingo até uma da tarde não sou uma pessoa e sim um ser tentando sobreviver, constantemente me perguntando - Quanto tempo mais de vida pela frente? O tempo passa devagar, nunca passou rápido. O que passa rápido são os momentos bons, mas mesmo eles são lentos se percebidos pela via de mão única.

No avião um garotinho de cinco ou seis anos estava viajando sozinho ao meu lado, do lado de lá do corredor. Uma velha deu azar de sentar ao seu lado. O moleque era genial. Perguntou 25 vezes antes do avião decolar se já estávamos voando. A velha me olhou, eu sorri, ela me encarou, pensei que sexo no banheiro era fora de cogitação devido as pelancas. O vôo foi mai mais agradável devido ao garotinho, porque eu sabia que não estava no pior lugar. A velha estava quase abrindo a porta do avião depois que o moleque resolveu perguntar o que eram todos os botões, todos os nomes dos passageiros, todos os vestidos da aeromoça e todos os utensilios possíveis de se fazer um avão voar. Eu achava o máximo cada vez que o garotinho acordava a velha e sorria para ele, uma dose de motivação pessoal sempre é bom para os que estão começando. No final quando eu me despedia do garotinho ele perguntou se a cortina das janelas no aeroporto eram para tapar o "peru" dos que estavam do outro lado, fiz que sim com a cabeça enquanto a aeromoça levava-o para longe. O nome dele era Gustavo.


Ontem achei uma tulipa roxa que caiu de um apartamento no chão, obviamente peguei-a e levei ela até um bar para tomar um vinho comigo, o italiano ficou preocupado com minha sanidade mental ao perceber que eu estava carregando uma planta sem vaso na mão. Quando pedi um vinho ele se acalmou e quando ofereci um para a tulipa ele voltou a ficar atiçado, meio corado e tal, mas como eu e minha tulipa roxa não nos preocupamos saimos de lá rapidamente. Deixei-a em um cesto de uma bicicleta estacionada, me parecia que ela queria ir para lá, aquele lugar onde um italiano ou um imigrante a encontrariam. Sou angelical para os que não conheço, para os que não falam principalmente, eles são mais fáceis de se tratar.

Andei até um bar um pouco mais longe, e mais perto do meu hotel. Lá achei uma moldura no chão, não tinha quadro, nem pintura mas tinha lixo. Resolvi dar uma de artista plástico e coloquei a moldura na parede do bar mais moquifo que tem aqui na esquina do meu hotel. Achei umas fitas isolantes que tinham alguma coisa escrita, sei lá o que "defesa civil" que eu não entendia mas que me pareciam legal. Coloquei a moldura na parede, vetei uma parte da parede, liguei com uma fita longa que ficava bem ao vento e joguei um copo de vinho na parede, errei uma parte do alvo mas o resto acertei bem aonde eu queria. A parede era de sei lá quantos anos, me senti mal pelo vinho mas comprei outro depois e ao voltar achei que a parede merecia mais.

De manhã acordei de ressaca. Procuro me manter de ressaca para não me manter bêbado.

Um comentário:

Mari Mattos disse...

ahahahhahaha tá se sentindo o bukowski!