segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sujeito Na Janela

Havia um sujeito na janela.
Estava sempre olhando para o alto.
Não o céu,
mais para o teto do quarto.
Talvez houvesse uma t.v ali,
não parecia
mas prefiro acreditar que havia.
Um pássaro pousou em minha janela,
não sei se dá sorte ou não,
mas gostei só de encontrá-lo.
Hoje o quarto do sujeito amanheceu vazio.
Ele era calvo e usava óculos.
Me lembro dele com uma camisa listrada,
fumando,
sempre fumando.
Na janela dele não há onde pássaros
possam pousar.
O quarto está em branco,
não há mais fumaça,
nem tv no teto.
Nunca me encontrei com ele na rua.
Se eu o via
ele também podia me ver.
Talvez me conhecesse,
soubesse de certas coisas,
algumas manias,
até mesmo alguns amores.
Eu sabia o dele,
via um amor
que o visitava.
Podia não ser o real
mas o visitava ocasionalmente.
Na vida em frente
ao meu quarto,
um espaço
vazio nasceu.
Na há ninguém na janela.

Quando só há
uma pessoa
não há
ninguém.

Um comentário:

Sabrina Mata disse...

Muito bom viver a vida por uma janela, meio Nelsoniano!!! Keep going...
Sabrina Mata.