terça-feira, 30 de setembro de 2008
É Tempo de Entorpecentes
Parei o carro no sinal e um menino cheirando cola me ofereceu um pouco, uma atitude inusitada pois nunca haviam me oferecido, aliás, sempre que alguém chegou perto com uma garrafa pet cheia de cola foi para tentar me tirar algo. Me senti compelido a experimentar o que estava sendo oferecido por meu companheiro carioca. Ao abrir o sinal e meus olhos, notei que estava causando um pequeno engarrafamento, por sorte me encontrava em frente ao Cesar Park onde um grupo de prostitutas me socorreu. Elas cobravam muito caro por uma mãosinha, beijo nem pensar, tinha areia no nariz delas. Decidi seguir a pé e caminhando pelo posto 9 me ofereceram um baseado. Não era dos melhores, mas como era a hora do pôr-do-sol e um monte de pseudocelebridades se acotovelavam para ver quem batia palma mais alto, decidi que era hora de jogar areia nos pombos. Passei duas horas fazendo isto, uma menina toda tatuada muito bonita e simpática veio falar comigo, ela falava sem parar enquanto eu escutava seguidamente suas desconexões mentais se transformarem em conexões, parecia um milagre alguns sentidos que eu dei a história. Papo vêm papo vai, começaram a emitir um som estranho como se fossem indios em uma espécie de celular primitivo, decidi ir embora coma chegada dos quadrupedes mal encarados. Nesta hora a garota me deu um quadradinho de papel, falou que eu devia mastigar ele um tempo. Eu que não tinha nada para fazer, a cola ja estava me dando uma parónia terrivel, decidi tomar o quadradinho. Pedalamos pela ciclovia inteira. Foi muito bom, atropelei quatro alemãs, dois idosos americanos e ainda de quebra vi um assalto. Assistir a um assalto muito doido é uma outra coisa, para quem nunca fez eu recomendo. Dá uma emoção que vêm formigando lá de dentro e uma vontade de gritar, me imaginei gritando, chamando a policia, indo lá rendendo o bandido, salvando a bolsa da gringa velha, mas tudo me parecia resolvido na minha cabeça então resolvi ficar beijando a garota que até agora não tinha nome. Resolvemos batizar ela, Sand. Foi o que conseguimos pensar pois estávamos na areia até aquela hora. Sendo muito tarde resolvemos passar na Guanabara, Baía da Guanabara para os que não conhecem. Entrei no banheiro e lá conheci um outro lado de todos os meus amigos, eles sorriam e falam demais. O assunto era sempre o predileto de cada um, eles. Saí do banheiro com uma necessidade imensa de falar do meu assunto predileto, eu. Falei de mim, do meu eu, dos meus trabalhos, meus ex-amores, meu eu interior e de como cheguei ali. Sand também falou dela, do ela interior, do eu que estava perdido e de toda sua infância até levar aquele momento. Ja era dia de novo e tomando chopp resolvemos andar para ver o sol nascer no arpoador. Andamos muito rápido, vários velhinhos passavam na contra mão levantando os braços ou fazendo polichinelo, eu nem sabia que polichinelo ainda existia. Chegamos ao Arpoador e encontramos uma família de hippies saída lá do Maranhão, nos deram hax, me deu um apressão baixa no primeiro tapa e relaxamento nos seguintes. Decidi escalar o arpoador. Foi muito tranquilo, mas a decida meio perigosa. Andei de volta até ver meu carro estacionado, um guarda estava parado bem em frente. Perguntei se a maquina da patrulha aceitava visa, ele respondeu que ainda não, mas que no posto aceitava. Eu não sabia porque estava pagando mas ele sabia porque estava recebendo. Segui andando, me lembrei de Sand, ela devia estar com os hippies. Olhei para trás, olhei para frente, tomei uma bala meio azeda que a sand havia me dado, comecei a encontrar sentido na vida e resolvi todos os meus problemas. Fiquei abismado ao notar como eram de fácil resolução. Estiquei o braço, peguei um taxi e segui para o Cesar Park.
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