quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Verdade ou Mentira?

Sinal vermelho. Vejo de cima. Três carros alinhados, seguidos por outros três e assim sucessivamente por mais 4 filas. Sirene uma ambulância se aproxima, vem em alta velocidade em direção ao aglomerado de carros. Nenhum carro se move. A ambulância chega até o aglomerado, freia bruscamente. Nenhum carro se move. O motorista da ambulância abre sua janela, a senhora do carro em frente desliga o celular. Batidas de mão na porta da ambulância, é o motorista em um desespero profissional. A mulher do carro em frente anda 40 centímetros para frente, agora o outro carro anda 40 para frente, mais alguns segundos e a mulher andou 80, a ambulância 90, está com a ponta entre os dois agora. O motorista buzina. Pessoas na praia começam a para de andar, todos estão parando. Olham indignados, começam a acenar. Uma força conjunta de consciência começa a se mobilizar. Um estado de sintonia começa a tomar conta de todos do aglomerado e através de olhares, pequenos gestos, aceleradas e indicações via lataria, todos começam a se mexer. Menos um taxi. Um último carro separa agora a ambulência da liberdade, da emergência e finalmente da vítima. O táxi não se move. Ele está ali, apesar de gritos, batidas na lataria, acenos, pedidos calorosos de pedestres. Nada o faz se mover. O motorista da ambulância agora parece realmente desesperado, talvez seja verdade dessa vez e realmente há alguém morrendo ali dentro. Morrer dentro de uma ambulância sempre me pareceu mais dramático do que esperando. O taxista abre a porta do carro. Todos se param, estão todos à volta imóveis, pois qual poderia ser o motivo? Que tipo de argumento um ser humano é capaz de criar para impedir a passagem de uma ambulância? Que tipo de monstro vive ali, dentro daquele táxi? O taxista abre a porta com uma certa velocidade, está furioso todos presumem. Se levanta rápido e aponta para fente do táxi em direção ao alto, todos olham e alguém está olhando de volta. Uma câmera que registra avanços de sinal. Todos buzinam e em meio a tudo a sirene é desligada. Silêncio.
O mar volta a funcionar, todos voltam a andar,
a ambulância
pode ir,
agora sem
pressa.

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