Como é possível que haja uma votação secreta na Câmara dos Deputados? Ou no Senado? Ou em qualquer tipo de Orgão público? É inconstitucional e herança da famosa Ditadura, com D maiúsculo pois alguns não sabem que aconteceu aqui no país do samba. A capital do país é no meio do nada, um plano atrasado e completamente surreal, hoje na era da informática, projetou uma capital longe dos olhos da população e de sua revolta. Como se criar uma manifestação contra algo que ocorre ou ocorrerá no Senado hoje ou amanhã? Não há, é perfeito.
Longe de Brasília, na Assembléia do Rio de Janeiro, neste exato momento está sendo julgada a cassação do Deputado Álvaro Lins, aquele que exigia 25 000 reais de cada delegado nomeado por ele, mensais e claro isentos de impostos. Só paga imposto quem não tem como sonegar, um orfão talvez e sem conhecidos ou advogados por perto. Um orfão que more na Ilha Fiscal, pronto, talvez este indivíduo, caso exista, não sonegue impostos. Eu sonego. Acabei de comprar um café e não exigi nota fiscal. O português colonizador, que veio nas caravelas, surdo, me gritou após o pagamento - Sai um Café, Chico! Próximo. Amassou a notinha e jogou no lixo empapuçado de tantas notas.
Empapuçado de notas é a imagem do ex-governador Anthony Garotinho. Dizem as más línguas, amigos do Lins e do Garotinho, que Lins era muito amigo da Rosinha, brincavam de casinha e de vez em quando de médico só para variar o pai nosso de todo dia. A Alerj é o palco da votação secreta realizada pelos deputados cariocas. Eles decidirão em blocos, ou seja, cada partido decidirá um voto em conjunto e portanto valerá como um só voto. Este tipo de processo retira automaticamente qualquer tipo de responsabilidade individual sobre o voto escolhido. É absolutamente surreal que um Deputado, um funcionário do povo, não se responsabilize por uma escolha onde seus resultados implicam diretamente sobre o modo de vida da população.
A polícia corrupta não tem uma explicação de assim ser somente em sua baixa renda, este é um fator, mas o que dizer da polícia Federal? Não há corruptos nela também? Recebem bons salários. Um delegado federal buscava uma mula de jóias diretamente no avião, não chegava a passar nem mesmo pelo corredor da alfândega, notícia do mês passado. Em um caso recente um conhecido recebeu uma proposta, antes de passar pelo raio-x, ganhou um cartão do policial federal, pagou 200 reais ali mesmo no corredor e ganhou um salvo-conduto para utilizar sempre que necessário. É isso o que está sendo votado hoje, um salvo-conduto. Lins obriga delegados a pagarem 25 000 reais mensais, policiais extorquem propinas da população, deputados pedem a Lins garantias dependentes de resultados. Um salvo-conduto que os livre de qualquer problema mais grave, nada como ter uma mãozinha da polícia em época de campanhas. Lins garantia em gravações o controle de currais eleitorais.
E tudo protegido, portas fechadas, a justiça de olhos fechados. Não porque todos são iguais perante a lei, mas sim porque alguns decidem o que é a lei e cabe ao resto aprovar sem ver nem ouvir o que se passa.
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